Banda pioneira do ska, The Skatalites sobe ao palco do Grezz

Um dos grupos musicais mais influentes do século 20, os Skatalites fazem show no Grezz, nesta sexta-feira (5/11), às 21h. Formada originalmente em 1964, a banda é pioneira do ska, ritmo que lançou as bases para o surgimento de outros estilos, como rocksteady, reggae e dub, levando a música jamaicana a um alcance global.

O ska nasce em Kingston, capital da Jamaica, entre meados dos anos 1950 e começo da década de 1960, com influências de ritmos afro-caribenhos (mento, burro e calipso) e afro-americanos (jazz, boogie-woogie e R&B). A concepção do novo estilo é fruto de uma cena musical vibrante e da atuação dos Skatalites ainda como banda de estúdio, acompanhando gravações de dezenas de artistas jamaicanos.

Os membros da primeira formação – todos já falecidos, exceto pela cantora Doreen Schaffer, considerada integrante original ou colaboradora dos primeiros anos, a depender da biografia da banda – tocavam juntos desde 1955, às vésperas da independência da Jamaica, em 1962. Naquele período, a música começava a se consolidar como indústria no país, a partir dos discos lançados por selos como Studio One.

Um dos marcos dessa fase é o single Simmer Down (1964), do grupo The Wailers, com Bob Marley e Peter Tosh entre seus integrantes, e a então banda de estúdio The Skatalites.

“Na época pré-ska, muita coisa estava acontecendo: chá-chá-chá, bebop e ritmos locais. De repente, alguém acendeu uma faísca e a coisa pegou fogo. Ainda não havia ska, e quando surgiu, ninguém sabia o que era”, recorda Larry McDonald, percussionista dos Skatalites, em entrevista à Matinal.

“Aqueles caras (fundadores do Skatalites) ficaram juntos por quanto tempo? Um ano e meio? Você precisa lembrar que aquele volume tremendo de música foi produzido ao longo de 18 meses! Eles estiveram separados por 18 anos e se reuniram em 1983”, completa McDonald, 88 anos, um dos mais renomados percussionistas jamaicanos, parceiro de artistas como Toots and the Maytals, Taj Mahal e Lee “Scratch” Perry. 

O tecladista Ken Stewart, que faz parte dos Skatalites desde 1988, é o mais longevo integrante da formação atual. Ele não acompanhou os primeiros anos da banda, mas lembra das histórias que o baterista Lloyd Knibb, falecido em 2011, contava sobre os criadores do ska.

“Os Skatalites tocavam das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira, no Studio One. Às 17h, principalmente nos fins de semana, tinha alguém lá sentado com um engradado de cerveja – e talvez outras coisas – para convencê-los a gravarem outra sessão em algum lugar, o que podia se estender até altas horas da noite. Às vezes, eles gravavam 18 horas por dia. Na maioria, em uma única tomada”, conta Stewart.

As milhares de horas de estúdio deram origem ao que seria conhecido como ska, gênero que ganharia novas roupagens nas décadas seguintes, influenciando bandas como The Specials, The Clash e The Police, na Inglaterra, Los Fabulosos Cadillacs, na Argentina, Os Paralamas do Sucesso, no Brasil, e Sublime, nos Estados Unidos – para citar apenas alguns dos nomes que beberam mais diretamente da fonte.

Segundo Stewart, a formação atual busca mesclar o histórico de mais de 60 anos do grupo com novas composições e parcerias. “Tentamos manter esse legado. Misturamos clássicos com o que gravamos desde a reunião da banda. Também tentamos contar a história da transgressão do ska para o rocksteady e depois para o reggae. Não podemos ressuscitar os mortos, mas ainda temos esperança de que Doreen (Schaffer) volte a se juntar a nós no palco em breve, mas não temos certeza se isso vai acontecer. Além disso, temos gravado com muitos artistas estrangeiros”, afirma o tecladista e gerente da banda, citando os chilenos Álvaro Henríquez e Macha, com quem os Skatalites lançaram em 2024 as faixas Fuera de Mi Vida e Un Amor Violento.

“Temos material não lançado para pelo menos três álbuns, parte dessas músicas ainda com (o baterista da formação original) Lloyd Knibb. É muita coisa”, diz Stewart, que desde 2007 faz turnês pelo Brasil. Ao todo, já foram mais de 50 shows dos Skatalites em nove estados. A apresentação em Porto Alegre integra a terceira vinda ao país só em 2025.

“Sempre gostamos da cultura, das rodas de samba e do nível profissional do que fazemos aqui. Foram ótimos shows em muitas cidades, e isso só aumenta. Somos muito gratos de poder voltar ao Brasil”, afirma Ken Stewart, que sobe ao palco do Grezz ao lado de Larry McDonald (percussão), Val Douglas (baixo), Yanik Williams (bateria), Natty Frenchy (guitarra), Vin Gordon (trombone), James Smith (trompete) e Anant Pradhan (sax).