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Entrevista: Mayra Andrade apresenta “reEncanto” no Opinião

Cantora de Cabo Verde faz show em formato voz e violão no dia 4 de dezembro, às 22h

Entrevista: Mayra Andrade apresenta “reEncanto” no Opinião
Foto: Rita Braz

A cantora e compositora Mayra Andrade faz seu primeiro show em Porto Alegre no dia 4 de dezembro, às 22h, no Opinião. Acompanhada de Djodje Almeida (violão), a artista cabo-verdiana apresenta a turnê reEncanto, que traz um compilado de canções que marcaram sua trajetória entre os álbuns Navega (2006) e Manga (2019).

A escolha do formato voz e violão para reEncanto (2024), gravado em Londres, na Union Chapel – igreja neogótica e casa de espetáculos que já recebeu nomes como Amy Winehouse, Elton John, Milton Nascimento e Philip Glass –, é fruto de um momento de vida que segue emocionando a artista. “Essa transformação tão profunda que é a gestação e a maternidade me levou a querer comungar com meu público de forma mais íntima”, conta a mãe de Dayo, nascida em 2023.

O trabalho, lançado também em vinil, pelo Noize Record Club, representa uma reconexão com as diferentes fases do percurso musical da cantora, que buscou “perceber o que minha voz hoje conta, que não contava há 20 anos” – assista à íntegra da entrevista no YouTube da Matinal.

Nascida em Havana, Mayra viveu os primeiros anos de vida em Cabo Verde. Entre a infância e a adolescência, acompanhou as andanças diplomáticas do padrasto por Senegal, Angola e Alemanha. Aos 17, mudou-se para Paris, onde morou por mais de uma década. Atualmente, aos 40 anos, vive em Lisboa.

“Eu me formei nas viagens. Até para nascer, tive que viajar. Minha mãe foi levada num avião militar russo para Cuba. Eu nasci lá e, com 20 dias, peguei um avião de volta para Cabo Verde. Deus quis mostrar que as viagens estavam muito impressas no meu caminho de vida”, conta a artista, que fala cinco línguas e canta principalmente em crioulo cabo-verdiano, que surge do encontro entre o português e idiomas africanos, como nos versos de Navega: “Ó, vida di mar, vida di peskador/ Regrésu tan insértu/ tene-m kurason ku dor”.

Foto: Fabrice Burguelle

“É como se o nosso coração pulsasse de um jeito diferente quando a gente fala crioulo. É um carimbo que sempre quis deixar no mundo”, afirma a artista, ressaltando que o idioma é a ponte que conecta os habitantes da “11ª ilha de Cabo Verde”, metáfora para a diáspora cabo-verdiana.

A adaptação da fala de Mayra à variante sul-americana do português costuma impressionar ouvidos brasileiros. “Sou muito esponja, absorvo muito. Se estiver no Nordeste, falo de um jeito. No Rio, acabo falando de outro”, diz a cantora, que ainda criança escutava o português brasileiro em músicas de artistas como Caetano Veloso e novelas que se popularizaram no continente africano.

Na conversa com a Matinal, Mayra Andrade fala sobre sua trajetória, o álbum reEncanto, a “costela comum” que encontra em parcerias com artistas brasileiros – Criolo, Dominguinhos, Maria Gadú e Mariana Aydar, entre outros – e a relação de admiração e amizade que manteve com Cesária Évora (1941 – 2011), ícone da música cabo-verdiana.

Assista à entrevista:

Show “reEncanto”, de Mayra Andrade
Quando: 4 de dezembro de 2025
Horário: 22h – abertura da casa às 20h30
Onde: Opinião (rua José do Patrocínio, 834 – Cidade Baixa – Porto Alegre)
Ingressos: entre 85 e 280 reais, à venda online

Ricardo Romanoff

Repórter e editor de Cultura na Matinal. Também é tradutor, com foco em artes e meio ambiente, além de trompetista de fanfarra nas horas vagas. Contato: ricardo@matinal.org

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