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Nina Nicolaiewsky apresenta “Arrisco Dizer” e grava primeiro álbum

EP reúne Nina e o quarteto de cortas Sucinta Orquestra

Nina Nicolaiewsky apresenta “Arrisco Dizer” e grava primeiro álbum
Foto: Thailan Reginatto

A cantora e compositora Nina Nicolaiewsky apresenta neste sábado (16/8), às 19h, no Goethe-Institut, o EP Arrisco Dizer, acompanhada do quarteto de cordas Sucinta Orquestra. O show, que terá participação de Nelson Coelho de Castro e Nina Fola, reúne as faixas do lançamento recente, músicas inéditas e releituras.

Arrisco Dizer traz três composições de Nina – CafunéTudo Bem Nem Tudo, as duas primeiras, em parceria com Guilherme Becker, a última, com Rita Zart – e a faixa Você Me Vira a Cabeça, imortalizada na voz de Alcione, costuradas pelas cordas de Clarissa Ferreira e Miriã Farias (violinos), Gabriela Vilanova (viola) e Luyra Dutra (violoncelo), que formam a Sucinta Orquestra.

“Circulei bastante, fiz muita coisa, mas nunca gravava. Tinha poucas músicas lançadas, especialmente autorais, por ser uma produção recente e por sofrer muito para lançar. A ideia de gravar algo meu, colocar no streaming e estar ali pra sempre me dá taquicardia até hoje”, brinca Nina.

“Uma das minhas metas para 2025 era: ‘Nina, acabou essa palhaçada. Não pode ser tão sofrido assim. Lançar música tem que ser mais fácil’. Estou bem focada nisso e está sendo bem divertido”, completa a cantora, na linha do que arrisca dizer na faixa Tudo Bem: “Portas vão se abrir, olhos vão fechar/ Medos vão partir, sonhos vão chegar/ Mitos vão cair, lendas vão vingar”.

Em Tudo Bem e Cafuné, a artista buscou uma sonoridade mais abafada para o piano, improvisando uma solução engenhosa para o instrumento no estúdio de Luciano Leães. “O abafador dele não estava bem como eu queria. Mas os nerds se juntaram, cortaram uma camiseta e fizeram um abafador”, recorda a artista, que vive atualmente em São Paulo.

“Nas quatro faixas do EP, tem muito som da mecânica do piano, dos pedais e dos martelinhos. Gosto disso, traz uma sujeirinha”, conta Nina, que tem o instrumento como parceiro recente de suas composições. Durante a pandemia, a cantora resgatou conhecimentos que há tempos não colocava em prática para poder acompanhar sua voz no período de isolamento social.

Em paralelo ao lançamento de Arrisco Dizer, Nina está gravando um álbum, com direção musical de Gabriel Milliet, que será lançado em 2026. Enquanto o EP foca em elementos mais “nítidos”, nas palavras da cantora, com voz, piano e cordas formando um conjunto mais orgânico e harmônico, o próximo trabalho terá sintetizadores, violão, flauta e saxofone, além do piano.

“Já tive uma época de timbres mais eletrônicos e processados, quando queria me desvirtuar desse lugar da voz suave e doce. Mas fiz às pazes com esse lugar e fui para o quarteto de cordas super orgânico. Já o álbum vai ser um encontro de tudo isso, tem um pouco de cordas, mas também tem sintetizadores e dobras vocais.”

Foto: Bruno dos Anjos

Nascida em 1993, no Rio de Janeiro, Nina Nicolaiewsky vive as artes desde sempre. Filha da atriz Márcia do Canto e do cantor e compositor Nico Nicolaiewsky (1957-2014), acompanhou de perto os trabalhos dos pais desde a infância. Em Porto Alegre, estudou música no Projeto Prelúdio. Aos sete anos, já participava de um grupo de canto coral e de uma orquestra infantil, tendo aulas de flauta e violão.

Entre aproximações e afastamentos em relação à música, chegou a cursar Ciências Sociais. Em 2016, ingressou na então recém-lançada graduação em Música Popular da UFRGS, onde concluiu o bacharelado. Em 2018, iniciou experimentos com pedal de voz, investigando texturas e timbres. Em 2019, fez parte do Projeto Concha, idealizado pela produtora cultural Alice Castiel Ruas para dar visibilidade a mulheres na cena musical.

“Foi uma experiência muito marcante para todas nós. Tem uma Nina antes e uma depois. Foi ali que comecei a compor e assumir esse lugar, onde várias de nós estávamos, vivendo conflitos muito parecidos para se permitir o lugar da criação”, recorda Nina, que após a residência artística formou o grupo Enxame, com colegas do Concha.

Em 2020, Nina lançou o single Esquina, premiado em festivais. No ano seguinte, lançou o EP visual Receita de Casa, com participação de Márcia do Canto e direção de Bruno dos Anjos. Em 2023, abriu o show de Jorge Drexler no Gigantinho e nos últimos anos subiu ao palco com artistas como Sérgio AssadBanda MagdaNacho Rodriguez e Rodrigo Carazzo.

Em 2024, completaram-se dez anos da morte de Nico Nicolaiewsky, que partiu precocemente, aos 56 anos, vítima de uma leucemia mieloide aguda. “Meu pai faleceu quando eu tinha 20 anos. Chegamos a cantar juntos algumas vezes, mas ele não chegou a me ver cantando profissionalmente. Esses dias, escutei o Musical Saracura. Ainda não consigo ouvir músicas mais recentes dele, só o que eu não vivi”, conta Nina, que em paralelo à concepção de Arrisco Dizer e do álbum em estúdio, lidera um projeto em torno do legado de Nico.

“Pela primeira vez, encabecei alguma coisa relacionada ao meu pai, passados 10 anos da morte dele. Tem um disco inteiro do Música de Camelô para lançar e muitas coisas engavetadas. Aprovamos um projeto na Lei Rouanet e estamos captando recursos para lançar esse disco e fazer um show com a nova geração tocando as músicas do pai”, diz Nina, empolgada com a produção do projeto.

O jornalista e compositor Arthur de Faria – a quem foi confiado o computador de Nico, repleto de registros e partituras – integra a iniciativa e ministrará oficinas sobre a obra do artista, que foi um dos fundadores do Musical Saracura, no final dos anos 1970, e parceiro de Hique Gomes no espetáculo Tangos & Tragédias por três décadas. O projeto inclui ainda o livro Ausência Íntima, com textos de Nico e imagens de apresentações e da casa do cantor feitas pela fotógrafa Eneida Serrano.

Após o show no Goethe-Institut, em Porto Alegre, Nina Nicolaiewsky faz shows no Teatro Paiol, no dia 24 de agosto, em Curitiba, e no Ateliê Lapinha, no dia 30, em São Paulo. Em ambas as apresentações, Nina estará acompanhada da cantora Bruna Lucchesi.

Ricardo Romanoff

Repórter e editor de Cultura na Matinal. Também é tradutor, com foco em artes e meio ambiente, além de trompetista de fanfarra nas horas vagas. Contato: ricardo@matinal.org

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