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Tum Toin Foin conta histórias sem palavras em show e novo álbum

Banda de câmara liderada por Arthur de Faria reúne convidados neste sábado (13/12), no Espaço 373

Tum Toin Foin conta histórias sem palavras em show e novo álbum
Foto: Vinicius Angeli

A Tum Toin Foin celebra o lançamento de seu segundo álbum e antecipa músicas do próximo disco neste sábado (13/12), às 21h, no Espaço 373. Em show com participações especiais, a banda de câmara apresenta um repertório de composições autorais e interpretações para obras de artistas que vão de Villa-Lobos a Black Sabbath, passando por Chico Buarque.

O grupo acaba de lançar nas plataformas de streaming o álbum Tum Toin Foin & Orquestra Theatro São Pedro (Loop Discos), que registra um concerto gravado em 2023, no Theatro São Pedro, com regência de Evandro Matté, reunindo versões orquestrais para faixas do primeiro trabalho da banda (Tum Toin Foin, 2022). Há também duas inéditas: Fagoteira – dedicada a Ange Bazzani, que faz o duo de fagotes da banda com Adolfo Almeida Jr. – e Cadum Cadum, originalmente composta por Arthur de Faria para o espetáculo Wonderland e o que M. Jackson Encontrou por Lá, do Teatro Sarcáustico.

Cadum Cadum começa com um clima meio história de terror de Natal, e o pesadelo vai se armando com camadas de tons diferentes”, descreve Arthur, destacando o politonalismo dessa e de outras faixas da Tum Toin Foin. “Era um recurso muito usado por Stravinsky e Piazzolla. Gera um estranhamento, como se várias pessoas estivessem falando ao mesmo tempo em línguas diferentes”, explica o compositor.

O show deste fim de semana traz parte dos arranjos do álbum recém-lançado – dessa vez, sem orquestra – e músicas de Tocando os Outros, que já foi quase todo gravado e deve sair em meados de 2026. Prelúdio da Bachiana nº 4, de Villa-Lobos, Sétima do Pontal, de Renato Borghetti e Veco Marques, Sabbath Bloody Sabbath, do Black Sabbath, e Construção, de Chico Buarque, integram o repertório da noite de sábado e do próximo disco da Tum Toin Foin.

Os convidados da apresentação no Espaço 373 incluem músicos que integraram o grupo em algum momento da trajetória da Tum Toin Foin: o cantor e guitarrista Erick Endres, o trombonista José Milton Vieira e o trompista Israel Oliveira. Paola Kirst, que já participou de um show da banda, vai cantar Crendice, única música que terá vocais.

Instrumental em evidência

A Tum Toin Foin foi criada em 2018, três anos após o fim do Arthur de Faria & Seu Conjunto. A partir de conversas com músicos e de um post no Facebook, Arthur reuniu a primeira formação – que incluía, além de nomes que sobem ao palco neste fim semana, o trombonista Julio Rizzo. A ideia inicial era criar um grupo para apresentar trilhas sonoras compostas por Arthur.

Foto: Vinicius Angeli

A banda integra uma cena musical que Porto Alegre não via de forma tão vibrante há décadas, na visão do compositor. “Só vi efervescência assim, e acho que não foi tão grande, na virada dos anos 1970 para a década de 1980. Esse momento da música de Porto Alegre nos anos 2020, não só instrumental, é muito impressionante. E na música instrumental, há um florescimento muito variado, com músicos do jazz, rock e regionalismo”, observa Arthur, que é colaborador da Parêntese e autor de livros como Porto Alegre: Uma Biografia Musical (volumes 1 e 2) e outras duas biografias dedicadas às obras de Elis Regina e Lupicínio Rodrigues – os quatro títulos foram lançados pela editora Arquipélago.

“Tenho observado, especialmente no último ano, que mesmo o pop mais mainstream tem se aproximado de um tipo de sonoridade que sempre me interessou, com formações que trazem orquestras e instrumentos pouco usuais. Nos meus 57 anos, nunca tinha visto isso dessa forma”, ressalta Arthur, citando exemplos locais, nacionais e internacionais – do concerto Phonica, de Marisa Monte, ao álbum Arrisco Dizer, de Nina Nicolaiewsky com o quinteto de cordas Sucinta Orquestra – vencedor de quatro troféus do Prêmio Açorianos de Música 2025

“Acho que é uma reação à inteligência artificial e a música feita com IA. Tem pessoas que não dão bola, mas tem gente buscando formas outras, não tão reprodutíveis pela IA”, reflete Arthur. Ele destaca ainda a participação de Tim Bernardes no Tiny Desk Brasil – ao lado de 17 músicos e do maestro Ruriá Duprat – e os instrumentos presentes nos álbuns Lux, de Rosalía, e Debí Tirar Más Fotos, de Bad Bunny.

No caso da Tum Toin Foin, além da música produzida por uma dezena de instrumentistas humanos, o que também atrai o público é o caráter narrativo das composições e apresentações. “Não somos exatamente uma banda de música instrumental, somos uma banda de contação de histórias sem palavras. Outro dia, uma senhora de uns 70 anos nos falou: ‘No show, passou toda a história da minha vida. Os momentos bons, os ruins e as saudades’. Ela começou a chorar, e todo mundo chorou junto”, recorda o compositor.

Foto: Vinicius Angeli

Um dos locais que mais acolhe as histórias sem palavras da banda é o Espaço 373, recentemente ampliado. “É a nossa casa e a sala de experimentação das coisas novas que queremos fazer”, diz Arthur, que sobe ao palco ao lado de Ange Bazzani e Adolfo Almeida Jr. (fagotes), Gabriel Romano (acordeom), Miriã Farias (violino), Thomás Werner (guitarra), Bruno Vargas (baixo elétrico), Guenther Andreas (bateria) e Giovanni Berti (percussão). Integrante da atual formação da banda, Sabryna Faria (trombone) dá lugar, neste sábado, à participação de José Milton Vieira.

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Show da Tum Toin Foin – lançamento do álbum “Tum Toin Foin & Orquestra Theatro São Pedro”

Quando: 13 de dezembro de 2025
Horário: 21h
Onde: Espaço 373 (rua Comendador Coruja, 373 – Floresta – Porto Alegre)
Ingressos: entre 45 e 130 reais, à venda no site Tri.RS

Ricardo Romanoff

Repórter e editor de Cultura na Matinal. Também é tradutor, com foco em artes e meio ambiente, além de trompetista de fanfarra nas horas vagas. Contato: ricardo@matinal.org

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