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✉️ Mulheres na Feira do Livro

Por Marcela Donini | Edição #31

✉️ Mulheres na Feira do Livro
Nathallia Protazio, Eliane Marques e Gabriela Leal falaram sobre seus processos criativos | Foto: Marcela Donini

A tal literatura feminina

A Feira do Livro de Porto Alegre me dá FOMO. Não é FOME, embora eu pudesse falar em fome de livro (me perdoem pelo trocadilho barato). É FOMO mesmo, aquela sigla em inglês para fear of missing out, ou medo de perder alguma coisa. A programação é extensa e cheia de nomes e temas interessantes. 

Ontem de manhã, assisti à mesa Laços e lutas: mulheridade e fazer literário, com Nathalia Protazio, Eliane Marques e Gabriela Leal. O painel fez parte do 9º Seminário O Conhecimento Transforma, que ocorre ainda hoje e amanhã, na Livraria Paulinas, com promoção do curso de Letras da UERGS.

O escritor e professor Tiago Maria, que mediou a mesa, perguntou se existe literatura feminina e qual seria sua identidade. Nathalia – que levou o Prêmio Sabiá de Crônicas 2024 com A faxineira mais bem paga do Bom Fim (Zouk), tem diversos textos publicados na Matinal e prepara um romance – compartilhou suas análises sobre livros de autoria feminina. Para ela, histórias escritas por mulheres contêm personagens que apresentam sutilezas capazes de emprestar verossimilhança àqueles humanos inventados. Além disso, percebe um cuidado estético maior, o que ela atribui ao fato de que as escritoras precisam se esforçar em dobro porque são invalidadas com frequência.

Eliane, autora dos premiados Poço das Marianas (Escola de Poesia) e Louças de família (Autêntica), afirmou que “não existe uma essência feminina ou masculina”, mas também apontou o que ela percebe nas obras escritas por mulheres. Ela destacou a “plasticidade” das personagens, que costumam ser “menos narcísicas” em comparação com aquelas criadas por homens, “mais duras, menos relacionais” – o que reflete as vivências reais de homens e mulheres.

As escritoras também dividiram seus processos criativos. Gabriela, que autografa seu primeiro romance, Leopardo (Zouk), no dia 13, às 18h, na Feira do Livro, contou que pesquisa na literatura e ouve muitas mulheres diferentes. Ela destacou a importância e o desafio de se colocar neste lugar: “Se eu não calar em mim, não consigo ouvir o outro”. 

O novo livro de Gabriela, que venceu o prêmio Açorianos 2023 com os contos de A língua da Medusa (Zouk), conta a história de uma mulher que se apaixona por um homem medíocre. Logo após a escritora lamentar que, infelizmente, é algo comum, Eliane arrematou:

“As mulheres se apaixonam por homens medíocres porque têm medo de se apaixonar por mulheres igualmente brilhantes”.

Com essa me despeço, senhoras e senhoritas.

As opiniões emitidas pelo autor não expressam necessariamente a posição editorial da Matinal.

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