“E aí, pessoal, eu estou com duas turmas do ensino médio e a gente estava falando um pouco sobre mudanças climáticas. Agora eu vou perguntar pra essa turma aqui: ‘E aí rapaziada, vocês acham que a agricultura e a pecuária podem ser a solução das mudanças climáticas?'”
Ali, em frente a uma câmera frontal de um smartphone, o jovem agrônomo César Augusto Paim gravava o encerramento de uma palestra para estudantes do ensino médio de duas escolas públicas de André da Rocha, um pequeno município na região serrana do Rio Grande do Sul.
Sob um galpão improvisado na ExpoAgro, uma tradicional feira agropecuária, rodeado por bovinos enfileirados em baias, ele discorreu sobre as diferentes raças dos animais, além de ações de sustentabilidade e tecnologias no campo, citando práticas de reaproveitamento de resíduos de origem animal, por exemplo. Antes de ser aclamado por um coro de ‘sim’, ele brincou: “Concordem se fui convincente”.

A palestra de Paim a um grupo de 42 estudantes fez parte da atividade “Vivenciando a prática” e marcou a estreia da associação De Olho no Material Escolar (Donme) no município. Criado há quatro anos por um grupo de mães ligadas ao agro, o grupo quer mostrar para alunos e professores a “verdadeira imagem do campo”, que diverge muito do que é ensinado dentro da sala de aula, segundo um relatório encomendado pela própria entidade que analisou livros didáticos. Além das palestras com estudantes, a Donme quer mudar o que considera uma visão erroneamente negativa sobre o agronegócio em outras duas frentes: por meio do programa “Mestres do Agro”, que busca “atualizar” professores sobre os avanços no campo, e pela mudança nos livros didáticos.