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Santa Catarina, a santa mesmo

Parêntese #305

Confira todos os textos da edição #305

Diz que a santa protetora dos leitores é a Catarina de Alexandria. Uma leitora, uma tradutora, a Catarina, naqueles anos de imperialismo romano na África, em Alexandria, onde tinha uma famosa biblioteca. 

Daí os romanos, aquela coisa, sob os auspícios de Marte, prenderam ela, uma cristã subversiva, e botaram na roda-viva pra debater com os especialistas do momento. Ninguém sabe as palavras exatas, mas diz que ela convenceu os véio tudo a se converter pra modernidade, na época, que era um deus só, em vez de mil. 

Daí torturaram ela, que tinha o hábito arriscado, até hoje, da parresia: a coragem de falar o que tu pensa. Prenderam a Catarina em outra roda, um troço horrendo de madeira com pontas afiadas de ferro, umas facas. Só que a roda quebrou, rachou no meio, essa roda-morta, esse círculo fechado do status quo. O único jeito, pros milicos romanos, foi cortar a cabeça da Catarina. A cabeça, o único jeito de fazê-la parar de pensar.

E os anjos a levaram pro Sinai, onde ela poderia descansar das misérias terrenas e ficar lendo, guiando os leitores, todo mundo que não terceiriza a própria inteligência usando robôs, todo mundo que se nega a trocar cérebro por cérbero.

Salve Catarina!