Confira todos os textos da edição #306
- Zoravia Bettiol: 90 anos de vida, 70 de arte, por Luís Augusto Fischer
- O Roubo no Louvre: Profecias Autorrealizáveis?, por José Roberto Iglesias
- Serranos na várzea – Parte 4, por Geraldo Hasse
- Um candidato de Deus: Frey Rocha e a homossexualidade no PDT gaúcho, por Jandiro Koch
- Professor Sísifo, herói orgulhoso, por Juremir Machado da Silva
- Chegando com "Cálice" e "Apesar de Você", por Arthur de Faria
- As extranhas entranhas de um corpo-coisa, por Alyne Rehm
- Diário dos nossos dias: uma experiência de leitura, por Diego Grando
- Diário da guerra do sono: Capítulo 6 – Atitude, por Cristiano Fretta
Sempre me impressionou o mito de Sísifo. Talvez por isso tenha sido um leitor recorrente do ensaio de Albert Camus sobre esse assunto. Apesar de gostar muito desse grande livro, sempre me interessei mais pela imagem criada pela mitologia da Grécia antiga. Empurrar uma pedra montanha acima a cada dia como punição. Recomeçar toda manhã. Levar a mesma pedra na mesma direção. A cada vez, porém, a pedra parece não ser a mesma. Mas é. A grande pedra que professores rolam para cima a cada dia é a pedra das relações com governos. Pedra municipal, pedra estadual, pedra salarial, pedra das condições de trabalho, pedra das demandas não atendidas.
Se há dureza em sala de aula, como motivar alunos obcecados por celulares, fazê-los aprender, sentir prazer na aprendizagem, a pedra que mais pesa é aquela que os governos empurram para baixo com cinismo a cada novo expediente. Em 2025, acompanhei, mais uma vez, o noticiário sobre as lutas dos professores do Rio Grande do Sul por uma vida melhor, por escolas melhores, por salários mais justos, por dignidade, por respeito.