Porto Alegre recebe, de 1º a 6 de dezembro de 2025, no Centro Cultural da UFRGS, a quarta edição do Congresso Cósmico em Ecologia das Práticas (CCEP), evento que reúne pesquisadoras, artistas, coletivos e pensadores dedicados a refletir sobre as crises ecológicas contemporâneas, suas dimensões políticas, sensíveis e cosmopolíticas, e os modos possíveis de habitar um planeta ferido. A programação combina oficinas, apresentações acadêmicas, rodas de conversa, sessões audiovisuais e lançamentos de livros, compondo um espaço de investigação coletiva sobre o Antropoceno, suas mediações e ecologias emergentes.
Abertura — 01 de dezembro
O evento inicia com a oficina “Reconciliar com as águas”, uma saída de campo em que participantes serão convidados a explorar as dimensões políticas, históricas e infraestruturais da água em Porto Alegre. A proposta integra práticas de escuta, observação e discussão sobre vulnerabilidades hídricas, políticas de gestão e cosmologias urbanas, em diálogo com os efeitos das enchentes recentes na cidade.
Programação Acadêmica — 02 a 05 de dezembro
Entre os dias 02 e 05, o CCEP apresenta 15 mesas de comunicações, distribuídas em três eixos temáticos: 1) Conhecimentos e Sensibilidades do Antropoceno Investiga como imagens, narrativas, fabulações e práticas multiespécies reconfiguram modos de sentir e pensar a catástrofe. Os trabalhos mobilizam gestos artísticos, cartografias especulativas, epistemologias mais-que-humanas e experimentações sensíveis que tratam a reconciliação como cultivo e como reconfiguração de alianças com um planeta em transformação. 2) Práticas Cosmopolíticas Reúne pesquisas que entendem o mundo como composição contínua entre espécies, saberes, materiais e forças. Aborda retomadas territoriais, ecologias de persistência, espiritualidades, tecnologias, memórias e cosmologias, enfatizando que reconciliar não é pacificar, mas tensionar fraturas, lidar com colonialidades e imaginar o comum para além do humano. 3) Mediações do Irreconciliável: Arquivos, Ruídos e Espectros Explora como imagens, sons, ruídos, arquivos e paisagens contaminadas se tornam operadores sensíveis do Antropoceno. Os trabalhos tratam de espectralidades, memórias dispersas, ruínas técnicas e mediações mais-que-humanas que revelam fissuras, vibrações e reverberações do tempo em colapso.
Mesa de Abertura (02/12): “Depois do Dilúvio: Memória, Imagem e Cuidado nas Enchentes de 2024” A mesa reúne pesquisadoras/es e artistas que tratam as enchentes de 2024 em Porto Alegre como uma ferida ainda em curso. Serão discutidos modos de narrar o desastre, mutirões de cuidado coletivo, performances, arquivos interrompidos e a inundação de imagens que moldou a experiência do trauma climático. O debate propõe pensar a reconstrução dos laços urbanos, as possibilidades de reconciliação e as imaginações políticas possíveis no pós-dilúvio.
Rodas de Conversa
Além das mesas tradicionais, o CCEP promove duas rodas de conversa dedicadas à experimentação coletiva. Em vez de pesquisas já consolidadas, as sessões apresentam problemas em aberto — teóricos, estéticos, filosóficos e políticos — cuja reverberação entre participantes poderá produzir harmonias não convencionais. Trata-se de um exercício de pensar junto, apostando na provisoriedade como forma de criar alternativas conceituais, práticas e sensíveis diante das catástrofes ambientais do presente.
Programação Cultural
03 de dezembro, 19h — Sessão de filmes na Sala Redenção Exibição de três obras audiovisuais relacionadas aos temas do congresso, seguidas de debate com pesquisadoras/es e realizadoras/es.
04 de dezembro, 19h, Livraria Paralelo 30 Lançamento de Um bilhão de antropocenos negros ou nenhum, de Kathryn Yusoff, com a presença dos coordenadores da edição brasileira, Fernando Silva e Silva e Alyne Costa.
06 de dezembro, 17h: Lançamento de livro, Livraria Baleia Encerramento do congresso com o lançamento de Inundadas, de Renata Dal Sasso, com apresentação da autora e de André Araujo.
Sobre o Congresso Cósmico em Ecologia das Práticas (CCEP)
Criado como espaço transdisciplinar de reflexão, criação e experimentação, o CCEP reúne pesquisas que atravessam arte, filosofia, ciência, tecnologia, ecologia política, multiespécies e cosmopolíticas, explorando modos de cuidado, resistência e reinvenção diante das crises socioambientais. Esta quarta edição reforça o compromisso do evento com práticas de reconciliação crítica e imaginação de futuros possíveis.
Quando: 1 e 6 de dezembro
Onde: Diversos locais, disponíveis na programação
Inscrições gratuitas para ouvintes no link