Festival Zumbi Solidário apresenta Banda Black Rio, Pau Brasil e Produto Nacional

O Festival Zumbi Solidário celebra o Dia da Consciência Negra (20/11) com uma série de shows na Banda Saldanha, a partir das 15h. A grande atração é a Banda Black Rio, prestes a completar 50 anos de trajetória, com sua mescla de soul, funk, jazz e samba, que contará com a participação do cantor carioca Carlos Dafé. A entrada é gratuita, mediante retirada online de ingressos e doação de um quilo de alimento não perecível.

Também sobem ao palco Baile Black com Gê Powers & DJ Bieta, Negras em Canto, Pau Brasil, Poetas Vivos, Produto Nacional e Thiago Ribeiro & Amigos. “Nosso foco foi fortalecer o trabalho de artistas negros, desde os mais jovens até as bandas mais longevas, como Pau Brasil e Produto Nacional. A cereja do bolo será a apresentação de luxo da Banda Black Rio, que se apresentou uma única vez na cidade”, destaca o produtor cultural Claudiomar Carrasco.

Viabilizado pela Política Nacional Aldir Blanc, o evento é organizado pela Frente Negra Gaúcha (FNG). “Em geral, a população negra vive focada em sua sobrevivência. O festival oportuniza um espaço gratuito de qualidade, onde ela tem lazer, agrega conhecimento e pode se apropriar do processo de consciência negra em um dia de resistência, mas também de celebração”, destaca a presidente da FNG, Vanessa Mulet.

Cinco entidades de Porto Alegre – Amavtron, Mãe da Glória, Mãe Joana, Mães da Periferia e Teia da Esperança – serão contempladas com as doações de alimentos recebidas pelo festival. “A solidariedade é muito característica da população negra. Esse sistema de apoio que construímos com o passar do tempo é evidente desde quando nos aquilombávamos. Essa forma de resistir, estando junto e se fortalecendo, é o que nos move”, diz Mulet.

Fundada em 2019, a FNG é uma associação civil sem fins lucrativos com foco em atividades educacionais, culturais e assistenciais. “Nosso objetivo é incentivar, empoderar, fortalecer e criar acessibilidades para que pessoas negras ocupem espaços de poder. Somos mais de 56% da população brasileira, mas não nos vemos nesses espaços. Desde o período colonial, uma minoria não permite que pessoas negras ocupem esses espaços, seja por meio de leis ou do racismo estrutural que está entranhado nas nossas instituições”, afirma a presidente da entidade.

Dia da Consciência Negra é iniciativa do Grupo Palmares, de Porto Alegre

Feriado em todo o país desde 2023, o Dia Nacional da Consciência Negra foi idealizado pelo Grupo Palmares, de Porto Alegre, em 1971. Na ausência de informações precisas sobre o dia de nascimento do líder quilombola Zumbi (1655 – 1695), a data de sua morte foi escolhida como marco da resistência da população negra no país e como contraponto à celebração do 13 de Maio e aos desdobramentos da Lei Áurea – que embora tenha oficialmente abolido a escravatura no país, é criticada por ter deixado a população negra desassistida após séculos de exploração e crueldades.

O 20 de Novembro foi celebrado pela primeira vez no Clube Marcílio Dias, um dos clubes sociais negros mais populares de Porto Alegre na década de 1970, como contou a Parêntese em edição especial sobre os 50 anos de criação da data comemorativa.

“O papel da imprensa foi decisivo na difusão da proposta para o resto do país e sucessivas adesões foram ocorrendo a partir do eixo Rio-São Paulo. O trabalho contínuo do Grupo Palmares, assinalando a data todos os anos, tornou o 20 de Novembro nova e forte motivação, além de importante elemento aglutinador para o movimento negro”, explicou em 1996 o mais célebre integrante do Palmares, o poeta e ativista Oliveira Silveira (1941 – 2009), em artigo republicado pela Parêntese.