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Noite dos Museus deixa legado para Porto Alegre

Entre os destaques estão os conhecimentos que ficaram após as ações educativas realizadas com alunos da rede pública de ensino e as instalações urbanas que seguem abertas ao público

Noite dos Museus deixa legado para Porto Alegre
Foto: For Real Company

Noite dos Museus vai muito além do grande evento que marcou a cidade na noite do último sábado (29/11). O projeto tem atividades realizadas durante todo o ano para seguir estreitando os laços da comunidade com os espaços de arte, cultura, conhecimento e patrimônio da capital gaúcha.

Meses antes de o evento acontecer, o projeto movimentou diferentes públicos e localidades da capital gaúcha com uma série de atividades prévias gratuitas. Entre elas estavam ações educativas que ofereceram visitas mediadas guiadas e transporte até espaços culturais, impactando mais de 1,2 mil alunos do ensino básico das escolas públicas municipais e estaduais de Porto Alegre. A convite do Instituto Noite dos Museus, crianças e jovens de diferentes idades, vindos da Região das Ilhas e de bairros como RestingaLomba do Pinheiro e Cavalhada, visitaram 16 instituições culturais da capital gaúcha, se conectando com espaços como a Casa de Cultura Mario Quintana, o Planetário, o Centro Cultural da UFRGS, o Museu de Anatomia da UFCSPA, o Centro Histórico-Cultural Santa Casa e o Palácio Piratini.

O objetivo do projeto foi trabalhar, por meio da arte, temas como ancestralidade, populações indígenas e povos originários, conectando os alunos aos seus passados e às suas histórias, e proporcionando aprendizado em espaços diferenciados, que vão além da sala de aula. “Os jovens, muitas vezes, começam a valorizar o patrimônio histórico quando esses espaços culturais passam a ter significado para eles. Quando eles entendem a funcionalidade, para que serve, o que tem dentro dessas instituições e como elas se conectam com a história da sua escola, da sua região, do seu bairro e da sua cidade, eles passam a se identificar”, observa Luciana da Costa de Oliveira, coordenadora do projeto educativo do Noite dos Museus e professora com quase três décadas de experiência.

Entre os contemplados estavam os alunos do 3º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Eva Carminatti, que visitaram o Museu Militar do Comando Militar Sul. “Para uma escola da periferia, foi uma oportunidade valiosa de ampliar horizontes e vivenciar aprendizagens que vão além das paredes da sala de aula, principalmente por sabermos da escassez de recursos e oportunidades. Em um ambiente diferente, como um museu, as crianças têm contato direto com objetos, histórias e espaços que estimulam a curiosidade, fortalecem a compreensão sobre o passado e desenvolvem novas formas de olhar o mundo. Essas experiências também favorecem a socialização, pois permitem que os alunos convivam em outro contexto, aprendam a se organizar em grupo, respeitem regras coletivas e construam memórias afetivas significativas. E foi exatamente o que aconteceu”, lembra a professora Tatiane Carvalho da Silva

A experiência segue impactando os jovens. “Diversos alunos passaram a usar a ecobag que receberam de presente do Noite dos Museus como mochila, e a caderneta personalizada do evento para anotações e brincadeiras no pátio e recreio. É fundamental que empresários e grandes multinacionais apoiem iniciativas como essa, ampliando o acesso de crianças de regiões periféricas a atividades culturais e educativas. Esses investimentos não só enriquecem o aprendizado, mas também contribuem para a formação de cidadãos mais críticos, motivados e confiantes em seu próprio potencial”, completa Tatiane.

E não foram só os alunos de escolas públicas que foram impactados pelo projeto educativo. Na semana que antecedeu o evento, públicos de todas as idades puderam participar da ação de educação patrimonial, que percorreu monumentos, igrejas, praças e prédios da cidade com roteiros temáticos dedicados a importantes referências artísticas e literárias do Rio Grande do Sul. Houve um passeio pelas obras de Aldo Locatelli, outro pelas esculturas de Antônio Caringi e um circuito literário que passou pelos caminhos de Erico Verissimo e Luis Fernando Verissimo. A iniciativa ainda contemplou o Museu do Percurso do Negro em Porto Alegre, destacando a importância da presença e contribuição da população negra na formação cultural e histórica da cidade.

Todas as atividades contaram com patrocínio da Petrobras, uma das principais empresas do país. Além de atuar de forma integrada e especializada na indústria de óleo, gás natural e energia, tendo como compromisso o desenvolvimento sustentável para uma transição energética justa e inclusiva, a empresa é uma das maiores investidoras na área de cultura, patrocinando há mais de 40 anos projetos que contribuem para a cultura brasileira e se fazem presentes em todos os Estados brasileiros.

A Petrobras também investiu em ações que contribuíram para a transformação da capital gaúcha em um grande museu a céu aberto e que seguem disponíveis para o público mesmo após o grande evento, podendo ser visitadas até o dia 31 de março de 2026. Como parte da programação da sua nona edição, o Noite dos Museus convidou dois grandes artistas da cena local para fazerem instalações artísticas em pontos importantes da Rua Voluntários da Pátria, no Centro Histórico

Em uma empena que ocupa um território marcado pela enchente, a artista visual e fotógrafa Raquel Brust ocupou a fachada da Sucatas de Carvalho com uma intervenção inédita do projeto Giganto. A instalação, que une colagem e fotografia em grande formato, aborda a reciclagem e evidencia o trabalho dos catadores e centros de triagem. “O Giganto Reciclagem transforma o espaço urbano em manifesto de sobrevivência, cuidado coletivo e revisão profunda de nossos hábitos de consumo. Ao monumentalizar catadores informais de material reciclável, o projeto devolve visibilidade e dignidade a quem sempre esteve invisível, transformando o olhar cotidiano em possibilidade real de mudança e reforçando, por fim, a necessidade de rever nossos padrões de consumo como parte desse cuidado coletivo com a cidade e com o planeta”, explica Raquel.

No POP CenterLeandro Selister instalou a intervenção artística O amor vem antes. O trabalho, com pinturas nas escadas do centro popular de compras, complementadas com a aplicação de estêncil com a palavra “ame”, convida o público a fazer um momento de pausa e de reflexão. “Essa intervenção nasce como um chamado: um sopro que interrompe o ritmo acelerado para lembrar que amar é resistir, é desacelerar, é escolher o outro diante da indiferença. É um ato político, poético e profundamente humano”, explica Selister. O projeto também tem um desdobramento no perfil do Instagram @oamorvemantes, onde o artista convida o público a procurar corações espalhados pelas ruas da cidade.

Outra novidade que poderá ser conferida até março é a mostra fotográfica Porto Alegre Natural: as cores vivas da capital gaúcha. Instalada no novo espaço do jardim do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, a exposição reúne 29 imagens de fotógrafos profissionais e amadores, selecionadas por meio de edital público. São diferentes olhares sobre a capital mais meridional do país, que revelam as infinitas formas de conexão afetiva e estética com o lugar onde vivemos e que nos acolhe, expostas ao ar livre e em grandes dimensões.

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