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O melancólico fim da gestão Barcellos

O melancólico fim da gestão Barcellos
Alessandro Barcellos, presidente do Inter | Foto: Reprodução

O Inter chega ao fim de 2025 pagando o preço de uma gestão que perdeu a mão logo no começo e nunca mais recuperou o controle. Alessandro Barcellos assumiu prometendo modernização e organização, mas entregou o contrário. O clube viveu cinco anos de impulsos, trocas constantes, discursos desalinhados e um projeto de futebol que nunca existiu de verdade. Não é azar, não é acidente, não é uma sequência de noites infelizes. É o resultado direto de escolhas equivocadas e de uma direção que confundiu intenção com competência.

A instabilidade técnica virou marca registrada. Cada treinador representava um novo desenho tático e uma nova promessa de reconstrução, até que outra crise surgisse e tudo fosse desfeito. Em nenhum momento houve convicção sobre qual modelo seguir. O Inter montou elencos remendados ano após ano, misturou perfis sem critério e empilhou jogadores que serviam para um técnico e sobravam para o seguinte. No fim, o time carregou um número razoável de bons jogadores, mas nenhum sentido coletivo.

Barcellos também errou na leitura do próprio clube. Apostou que o Inter estava mais pronto do que realmente estava, ignorou sinais de desgaste, superestimou o segundo turno de 2024, minimizou riscos claros e tratou o fantasma do rebaixamento como exagero externo. Quando a crise apertou, a comunicação bateu cabeça e oAlessandro Barcellos, presidente do Inter — Foto: Reprodução discurso oficial virou um amontoado de frases vazias, com pouca relação com o campo. O presidente apareceu tarde, falou pouco e quase sempre falou mal.

Na política interna, o desalinho ficou ainda mais evidente. O Conselho em conflito, protestos, clima pesado no Beira Rio e uma direção isolada no momento em que precisava de unidade. O distanciamento da torcida virou sintoma e causa de um processo de desgaste que agora parece irreversível.

Se o Inter escapar, será apesar da gestão, não por causa dela. Se cair, não haverá surpresa. O clube não tropeçou no escuro, caminhou até a beira do abismo, insistiu em seguir adiante e confiou que não haveria consequência. A temporada expôs uma direção que não soube planejar, não soube ler o próprio vestiário e não soube reagir com a firmeza necessária. É duro admitir, mas este é o retrato final da gestão Barcellos, um ciclo que termina revelando o que se evitou encarar por muito tempo, a incapacidade de conduzir um gigante como o Internacional.

As opiniões emitidas por colunistas não expressam necessariamente a posição editorial da Matinal.
Nando Gross

Nando Gross

Jornalista e comentarista esportivo, com passagem por algumas das mais importantes emissoras de rádio do país. Contato: nandogrossjornalista@gmail.com

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