Depois das mortandades, soluções são apontadas, que nunca serão adotadas ou não funcionam. Já houve, para o caso das comunidades do Rio de Janeiro, o entusiasmo com as unidades de polícia pacificadora. Até que o sonho terminou sem muito alarde. Parou de funcionar.
Na ação desta semana, determinada de maneira isolada pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, há jogada eleitoral na parada para jogar de vez o tema da segurança pública nas campanhas políticas de 2026. O que fazer? Qual o melhor caminho?
Fala-se em integração das polícias.
Outras possibilidades: Estado presente não só para reprimir e matar. Um mundo de oportunidades para jovens que encontram no crime uma perspectiva mais imediata e rentável. Mudança no modelo de enfrentamento ao consumo de drogas. Sabe-se que o tráfico de drogas é o núcleo do poder paralelo dos bandidos nas favelas.
Nenhum governo apresentou até hoje o plano capaz de resolver o problema. Lula outro dia roçou a solução ideal: não existir consumo. Como essa alternativa é nula, ele teve de recuar para evitar o desgaste eleitoral.
A solução para israelenses e palestinos parece estar na constituição de dois Estados. No Rio de Janeiro precisa-se, ao contrário, de um Estado só: o Estado de direito. Não pode haver território sob controle de gangues, milícias, traficantes, etc.
Até quando Comando Vermelho, PCC e outros do gênero vão dividir o Brasil?

Cada mortandade como a desta semana acende-se como um letreiro: FRACASSO TOTAL. Toda vez que o Estado precisa de blindados ou de massacres para entrar num lugar do seu território, algo deu muito errado. Toda vez que o Estado cede a gestão de prisões para facções, assina o seu atestado de óbito. Cláudio Castro parece que se inspirou na filosofia de Donald Trump para a América Latina: pé na porta, atirar primeiro, perguntar o nome depois, a velha lógica do bandido bom é bandido morto. O governador sofrerá críticas devastadoras pela sua truculência, mas possivelmente aumentará o seu capital de votos.
As populações honestas das comunidades sofrem com ações como a determinada por Castro. Sobram balas perdidas para inocentes. Sofrem também como reféns da bandidagem que controla os seus locais de moradia. Pagam tributos para o Estado de Direito para o fisco paralelo. Muito triste nisso tudo é pensar: O Rio não tem jeito.
Como explicar para um estrangeiro que, por um lado, o Brasil melhorou? Que fazer de dados macroeconômicos? Da taxa de desemprego? Resta a frase fácil: o Brasil não é o Rio de Janeiro.
Nem São Paulo.
Será?