Ao longo de setembro e outubro, o pesquisador em História da Arte José Francisco Alves registrou em sua rede social o desaparecimento de quatro bustos instalados em praças de Porto Alegre. Nesta terça-feira (28), a Diretoria de Patrimônio e Memória da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) confirmou à Matinal que as quatro obras foram furtadas.
O 9º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento da região onde estão localizadas as praças da Matriz e da Alfândega, confirmou três furtos, mas o registro do desaparecimento do busto de Francisco Caldas Júnior não havia sido efetuado até esta segunda-feira. A Polícia Civil não deu detalhes sobre a investigação.
Em 9 de setembro, o pesquisador Chico Alves, como é mais conhecido, notou o desaparecimento do monumento em homenagem ao coronel honorário do Exército Brasileiro Antônio Carlos Lopes, na praça da Alfândega. Natural de Rio Grande, Lopes foi o idealizador e criador dos tiros de guerra no Brasil. De acordo com Alves, a escultura foi inaugurada em 7 de setembro de 1936, feita pelo artista plástico Walter Drechsler. Uma rua no bairro Medianeira também homenageia Lopes.

Em 23 de setembro, ele percebeu que o busto do professor André Puente não estava mais na Praça da Matriz. A peça foi produzida pelo artista Antônio Caringi. Natural de Canguçu, Puente deu aulas em Porto Alegre e produziu obras didáticas de português e geografia. Além do busto desaparecido, uma rua no bairro Independência também leva seu nome em homenagem.

Em 3 de outubro, novamente na Praça da Alfândega, Chico Alves identificou que a escultura em homenagem ao fundador do Correio do Povo, o sergipano Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior, havia desaparecido. A peça, produzida no Rio de Janeiro pelo escultor italiano Luis Sanguin, foi o primeiro busto instalado em praça pública em Porto Alegre, com inauguração em 1913.

O último furto foi relatado pelo pesquisador em 17 de outubro, quando deu falta do busto do jornalista Leonardo Truda, produzido pelo escultor italiano Leone Domenico Lonardi, também na Praça da Alfândega.

De acordo com Alves, o acontecimento de furtos de artes públicas em sequência é recorrente em Porto Alegre: “São ciclos. Desde o século passado, eu acompanho isso. Já teve ondas maiores. Alguém descobre e vai levando, já que é só coletar”, explica.
De acordo com a arquiteta da Equipe de Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc) da SMC, Juliana Wagner, “as ações de recomposição de bustos são avaliadas caso a caso na questão de produção de réplicas”. Segundo Wagner, a secretaria busca acompanhar a possibilidade de recuperação das obras e, posteriormente, avalia como repô-las em caso de não serem encontradas.
A Matinal pediu à SMC informações sobre o histórico de furtos de obras de arte públicas na capital e questionou a data de registro do boletim de ocorrência, mas não obteve retorno.