Batalha de rima define representante do RS no Duelo de MCs Nacional

A principal batalha de rima do Rio Grande do Sul terá sua final no dia 2 de novembro (domingo), a partir das 14h, no Ginásio Municipal Celso Morbach, em São Leopoldo. A última etapa do Campeonato Estadual de Batalhas de Rima classifica o competidor que representará o estado no Duelo de MCs Nacional 2025, que será realizado em Belo Horizonte, nos dias 22 e 23 de novembro, com 32 MCs.

A final do RS reúne os vencedores das quatro etapas regionais, realizadas em Uruguaiana, Viamão, Bento Gonçalves e Pelotas. Ao todo, 16 MCs conquistaram vaga na disputa decisiva: Japa, Alemão, Colvero, GL, PH de Canoas, DS, Drop, Levink, Dudu, LD, Jota, Bernardo, Carapeto, Syze, Zuuks e Di.

Os campeões serão definidos por um sistema de votação que combina aclamação do público e avaliação dos jurados da organização. A atual gestão da Batalha Estadual é composta por Neega Mari, Pregadoor e Homer, responsáveis por conduzir o circuito em todas as suas etapas.

Neste ano, o campeonato contou com 40 batalhas pré-seletivas, cada uma com número variado de vagas. O formato segue o regulamento nacional que determina pelo menos 25% das vagas destinadas a mulheres, pessoas LGBTQIAPN+ e PCDs.

O Campeonato Estadual de Batalhas de Rima é um marco da cultura de rua gaúcha. A disputa foi idealizada e coordenada inicialmente por Aretha Ramos, responsável por colocar o RS no mapa do Duelo Nacional, em 2016. Naquele ano, a convite da Família de Rua, organizadora do evento nacional, Aretha mobilizou cerca de 200 MCs em uma final histórica na Esquina Democrática, em Porto Alegre, realizada com o apoio de vaquinhas virtuais e recursos próprios. O primeiro campeão foi Nicolas Walter.

Desde então, o crescimento tem sido constante. Em 2017, o número de participantes já havia mais que dobrado, chegando a 500 MCs e abrangendo novas cidades. Mesmo durante a pandemia, a organização encontrou maneiras de manter o movimento vivo, adaptando o formato para o online e preservando a força da cultura hip-hop no estado. 

Com o retorno às ruas em 2022, o evento bateu recordes de participação e conquistou mais espaços. Em 2024, com 65 batalhas em 35 cidades, consolidou-se como uma das maiores expressões da cultura de rua do estado.

A atual gestora, Neega Mari, começou sua trajetória no evento em 2019, atuando como auxiliar de logística e apresentadora. Dois anos depois, passou a integrar oficialmente a equipe de gestão. Em 2023, o MC Pregadoor, Stefanie Geruntho e Laux Jung juntaram-se à organização, e neste ano a organização conta com a entrada de Homer.

Apesar do crescimento e da relevância cultural, o Duelo Estadual ainda enfrenta grandes dificuldades para se manter. Mari explica que a maioria dos custos é bancada pelos próprios organizadores, que precisam viajar pelo estado para acompanhar as seletivas regionais.

“É um processo complicado. Somos uma equipe de cinco pessoas cuidando de um evento que representa o estado inteiro, e não temos patrocínio fixo. As viagens, alimentação e produção saem do nosso bolso”, conta Mari.

Ela também destaca desafios que ultrapassam o aspecto financeiro: “Vivemos constantes desafios diariamente, ainda mais quando se fala de ter mulheres à frente dos processos. Sofremos perseguições e cobranças diferentes, e tudo é sempre muito mais direcionado às mulheres envolvidas”.

Tradicionalmente sediada em Porto Alegre, a final estadual será realizada este ano em São Leopoldo, marcando um novo momento de descentralização da cultura hip-hop no estado. “Neste ano estamos pela primeira vez com esse desafio. Conseguimos uma parceria com a Batalha São Hell, uma das mais relevantes do estado, e a gente entendeu a importância de fazer no espaço deles. A escolha está sendo criticada, mas entendemos que os movimentos precisam ser descentralizados e facilitar o acesso de outras comunidades”, completa.

Com cada vez mais representatividade, engajamento e alcance, o Campeonato Estadual de Batalhas de Rima reafirma sua importância como parte da cultura hip-hop gaúcha. Mais do que uma competição, é um espaço de representatividade, inclusão e resistência.