Do candombe uruguaio de Julieta Rada e Ruben Rada aos versos de Nei Lisboa, das canções de Nina Nicolaiewsky e do duo argentino Perotá Chingó ao som do grupo colombiano Frente Cumbiero, passando pela chula de Emily Borghetti, o Chisme Festival celebra a diversidade musical latino-americana neste sábado (15/11), a partir das 13h, no Jockey Club do Rio Grande do Sul.
Os shows começam às 15h20, com Nina Nicolaiewsky e a Sucinta Orquesta, formada por Clarissa Ferreira, Bibiana Turchiello, Miriã Moreira Farias, Gabi Vilanova e Luyra Dutra. A parceria da cantora com o quinteto de cordas em Arrisco Dizer – conheça o álbum – rendeu à artista e ao grupo os troféus de Álbum do Ano, Melhor Álbum ou EP, Melhor Intérprete e Melhor Produtora no Prêmio Açorianos de Música 2025.
Na sequência, às 16h40, Nei Lisboa sobe ao palco acompanhado dos parceiros Paulinho Supekovia, Luiz Mauro Filho e Giovanni Berti. Às 18h, o entardecer no Jockey Club será ao som de Dolores Aguirre e Julia Ortiz, do duo Perotá Chingó – que no ano passado lançou o álbum Tá.

Emily Borghetti atualiza a tradição da chula, às 19h20. Em seguida, às 20h20, a cantora Julieta Rada apresenta faixas do álbum Candombe acompanhada do pai e ícone da música afro-uruguaia, Ruben Rada. Mesclando cumbia, dub e música eletrônica, às 21h40, a banda colombiana Frente Cumbiero encerra a noite no palco principal.
Em paralelo aos shows, a partir das 17h, a pista do Chisme reúne Festa Problemón, Chancha Via Circuito (Argentina), Miss Tacacá, Festa Coice e Clementaum – confira a programação completa no final da matéria.
“O Chisme nasceu de um questionamento a respeito de como é a cultura contemporânea do Sul da América e qual é o papel do Rio Grande do Sul na amplificação da música latina e brasileira”, destaca João Castiel, um dos idealizadores do festival – cujo nome, em espanhol, significa algo entre o boato e a fofoca.
“Somos parentes musicais”

Um dos destaques do Chisme é o show de Julieta Rada, cantora uruguaia que concorre hoje (13/11) à noite ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum Folclórico, com Candombe, que combina R&B, jazz, funk, salsa e tango com o candombe.
“É um disco que eu queria fazer há muito tempo, com clássicos do candombe, de distintos autores, levados a outro lugar, um pouco mais moderno. Há gravações originais dessas canções que não se escutam bem, então procurei trazer esse repertório para o presente, vestido com outros instrumentos, arranjos e harmonias”, conta Julieta em entrevista à Matinal, concedida desde sua casa, em Nova York, onde vive há três anos.
O que é o candombe?
Considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco desde 2009, o candombe – que em quimbundo, língua originária de Angola, significa “dança dos atabaques” – é um nome genérico para diferentes expressões de dança, música e religião difundidas na América do Sul, sobretudo no Uruguai, por escravizados africanos.
A cantora destaca as origens da manifestação cultural afro-uruguaia: “Tanto no Brasil quanto no Uruguai, por sorte, temos muita população negra. Isso manteve as raízes da música negra de pé. Na Argentina, isso não acontece tanto. Muito da população negra foi à guerra e foi morta. É uma tristeza, porque se perdeu muito dessa cultura”.
“Uruguai e Brasil são países irmãos, que estão conectados. De alguma forma, a música afro vem do mesmo lugar, então somos parentes musicais. É muito bom ter esses espaços, como o festival Chisme, para nos encontrarmos, mostrarmos o que fazemos e compartilhar”, completa a artista.
Na estreia do festival em 2024, o grupo uruguaio F5 apresentou a fusão de candombe e música eletrônica. Na mesma noite, o grupo porto-alegrense de candombe La Brasa Lunera fez um cortejo com o Maracatu Truvão.
No show em Porto Alegre, Julieta convida ao palco Ruben Rada, também conhecido como El Negro Rada. “Desde que nasci, vou aos concertos do meu pai. Sou muito fã dele. Obviamente é meu pai, mas como artista, é o músico que mais admiro e de quem aprendi tudo. Ele sempre foi um gênio da fusão para mim”, afirma Julieta, destacando as parcerias do pai com músicos como Hugo Fatorusso e Eduardo Mateo e o grupo Opa.
Filho de uma gaúcha de Santana do Livramento, Ruben Rada está nos palcos desde os anos 1950, atuando como cantor, compositor e percussionista. Lançou mais de 30 álbuns e é um dos pioneiros da fusão do candombe com outros ritmos – seu estilo já foi chamado de candombe beat.
Em 2025, aos 82 anos, lançou o álbum Gamurgatrónica, que exalta a murga, manifestação cultural com elementos teatrais e musicais que toma as ruas no carnaval uruguaio. “Aos 17 anos, saí em uma murga que se chamava La Nueva Milonga. Cantava e fazia arranjos vocais. Então quis fazer uma homenagem a Tito Pastrana, diretor dessa murga”, conta o músico.

No álbum mais recente da filha, Rada canta na faixa Botija de Mi País e tem uma canção sua, Adiós a la Rama, interpretada por Julieta e Fito Páez. “Aproveito que a Julieta vai bem com o candombe e vou atrás”, diz Rada, que cantará no Chisme ao lado dos três filhos, Julieta, Lucila e Matías.
Quando: 15 de novembro de 2025, das 13h até a meia-noite
Onde: Jockey Club do Rio Grande do Sul (Avenida Diário de Notícias, 750 – Cristal – Porto Alegre)
Abertura dos portões: 13h
Roda de milonga: 14h
Palco
15h20 — Nina Nicolaiewsky & Sucinta Orquestra
16h40 — Nei Lisboa
18h — Perotá Chingó (Argentina)
19h20 — Emily Borghetti
20h20 — Julieta Rada convida Rubén Rada (Uruguai)
21h40 — Frente Cumbiero (Colômbia)
Pista
17h20 — Festa Problemón
18h40 — Chancha Via Circuito (Argentina)
19h40 — Miss Tacacá
21h — Festa Coice
22h20 — Clementaum
Ingressos
À venda pelo site tri.rs
R$ 90,00 (inteiro)
R$ 45,00 (meia-entrada)
Mais informações no site do festival