Autora de Macha (2019) e outros sucessos, a roteirista Cláudia Tajes assina Da sempre tua (Arquipélago), junto da psicanalista Diana Corso. Lançado em 2024, o livro que apresenta uma troca de cartas entre as personagens D. e C. aborda temas como os desafios de ser uma mulher, a amizade e o amor. Na sexta-feira, a colunista da Matinal vai ministrar a oficina Minha vida daria um post, no Clube do Comércio. No domingo passado, a escritora participou do evento de lançamento da coletânea Narrativas Porto-Alegrenses, da qual faz parte sua novela A vida e a vida de Áurea. A coleção é formada por obras publicadas originalmente na revista Parêntese, em formato de folhetins.
Até o final da Feira do Livro, 16 de novembro, a Matinal publica uma série de entrevistas com escritores e escritoras que participam da programação. Leia aqui todos os conteúdos, e acompanhe as demais atividades do evento.
Confira, a seguir, a conversa com Cláudia Tajes conduzida por Luís Augusto Fischer, editor da Parêntese.
Luís Augusto Fischer – Como nasceu a ideia de um livro de cartas em pleno mundo digital? E por que a Diana Corso como parceira? Ela estava desde o começo?
Cláudia Tajes – Um dia a Diana e eu nos encontramos em uma festa antes da pandemia e veio a ideia de fazer alguma coisa em dupla. Daí, em pleno confinamento, começamos um podcast sobre contos, ou mais sobre conversas em cima de contos. Gravamos dez episódios e a Diana cansou, deu uma de Alberto Roberto – é preciso ter certa idade para entender a referência: não garavo mais. Ficamos assim meio de beiço uma com a outra, e a primeira carta, na verdade, um e-mail, foi para lavar a roupa suja. A partir daí veio a ideia de duas amigas que estavam afastadas e que se reaproximam escrevendo cartas. E deu no que deu.
Fischer – Como foi o processo de escrita? As cartas de uma para outra foram escritas na ordem em que aparecem no livro?
Cláudia Tajes – Foram escritas naquela ordem mesmo. Por ser psicanalista, a Diana conseguia dar importância para as bobagens que eu escrevia, e a coisa foi se construindo. C., a minha personagem, era sempre a mais desgraçada, com nada no lugar já no avançado da vida, e D., a personagem da Diana, aliviava a carga da amiga ao mesmo tempo em que se abria também. Não deixou de ser uma terapia em público. Nem tudo é verdade nas cartas, mas nem tudo é mentira.

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Fischer – E a adaptação ao teatro, como foi? Que sentimentos atravessam a cabeça e o coração de uma autora como tu, num livro como este, ver os textos ditos em cena, por atrizes de qualidade?
Cláudia Tajes – O Luciano Alabarse leu o livro, gostou e adaptou muito rapidamente, com a Sandra Dani fazendo a D. e a Janaína Pellizzon no papel da C. A Diana e eu não participamos de nada, vimos o resultado já no palco. É uma mistura de tudo, emociona muito, e quando a gente vê aquela entrega do pessoal, dá orgulho de ter inspirado uma peça que vem comovendo o público por esse Rio Grande todo.
