Pular para o conteúdo

Luís Arthur Nunes: "Na segunda fase o grupo se impôs pelo seu trabalho de experimentação cênica"

Luís Arthur Nunes: "Na segunda fase o grupo se impôs pelo seu trabalho de experimentação cênica"
Imagem: Editora Sulina / Reprodução

A história do Grupo de Teatro Província foi finalmente contada em livro de Luís Arthur Nunes, que realiza bate-papo sobre a obra e sessão de autógrafos nesta sexta-feira, 13 de novembro (às 15h30 e às 17h), na edição de 2025 da Feira do Livro de Porto Alegre. O grupo teve trajetória marcante na capital, nos anos 1970, experimentando formas e procedimentos com reflexão sociocultural crítica. O editor da Parêntese Luís Augusto Fischer conversou com Nunes sobre os detalhes do novo livro, na série de diálogos com escritores e escritoras que a Matinal está publicando ao longo da Feira. Leia abaixo.


Luís Augusto Fischer – É hora de contar a história do Província, certo? Já tinhas essa ideia antes?

Luís Arthur Nunes – Sim, é hora de contar essa história. Com exceção da Maria Luiza Martini, afastada por motivos de saúde, da Maria Helena Lopes, do Gerd Bornheim e do Carlos Carvalho, já falecidos, todos os outros “provincianos” estão em atividade e disponíveis. Havia algum tempo que eu vinha cultivando a ideia. Foi num jantar, em Porto Alegre, oferecido pela Suzana Saldanha (seu famoso “carreteiro”) para mim e para o Antonio Hohlfeldt, que ela ganhou corpo. O Antonio, como jornalista de cultura e crítico de teatro, havia acompanhado toda a história do grupo. Escrevera inúmeras matérias de divulgação e críticas de todos os espetáculos. Ele participa do livro como colaborador. Escreveu um capítulo situando o Província no contexto do teatro gaúcho e brasileiro de então (anos 70).

Luís Augusto Fischer – Em linhas bem gerais, dá uma ideia da composição e da ação do grupo, por favor.

Luís Arthur Nunes – O livro relata as duas fases do grupo. Uma primeira fase, em que era basicamente uma reunião de profissionais que haviam convivido intensamente no CAD (depois DAD): Luiz Paulo Vasconcellos, Ligia Vianna Barbosa, Maria Luiza Martini, Gerd Bornheim, Graça Nunes, Maria Helena Lopes e Carlos Carvalho e eu. Era essencialmente uma união de forças para viabilizar nossos projetos.  Depois de um tempo, impôs-se a necessidade de dar uma “cara” ao grupo, definir propostas estéticas e ideológicas. Luiz Paulo, Gerd, Lena, Lígia e Carlinhos se retiraram. Ficamos eu, Lulu e Graça, e a nós se juntaram Suzana Saldanha, Haydée Porto, Beto Ruas, Rubens Soares de Lima, José Ronaldo Faleiro, Arines Ibias e Izabel Ibias. Aí começou a segunda fase, em que o grupo realmente se impôs pelo seu trabalho de experimentação cênica e de afirmação ideológica. Sem menosprezar a primeira fase, que, inegavelmente, gerou espetáculos de alto nível, foi na segunda que o Província se definiu, se consolidou e deu sua maior contribuição ao teatro gaúcho.

Luís Augusto Fischer – Falaste com os integrantes? Tinhas documentação? Foi fácil revisitar aquele período? 

Luís Arthur Nunes – Sim, durante a escrita do livro, estive em contato próximo com os integrantes do grupo. Eles colaboraram bastante no resgate das memórias e escreveram depoimentos. A documentação que eu tinha era basicamente programas dos espetáculos, materiais de divulgação, o livro de atas das reuniões do grupo e um abundante acervo de registros de imprensa: matérias, fotos, críticas, etc. Era a época em que os jornais davam muito espaço para teatro. Houve espetáculos que geraram até cinco críticas!

Luís Augusto Fischer

Professor e editor da revista Parêntese.

Todos os artigos

Mais em Cultura

Ver tudo

Mais de Luís Augusto Fischer

Ver tudo