Responsável pela escrita de Odisseu - O herói humano da Odisseia (2025), Gilberto Schwartzmann estará presente em três eventos que integram a programação da 71ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre. Um deles é uma sessão de autógrafos de sua obra recente, na sexta (14/11), às 19h, no centro da Praça da Alfândega. Ele também participa de debates sobre livros de Domício Proença Filho no domingo (2/11), e na segunda (3/11). Luís Augusto Fischer, editor da revista Parêntese, conversou com Schwartzmann sobre seu interesse no mundo de Homero. Confira abaixo.
Luís Augusto Fischer – Depois de outras aventuras eruditas, agora tu apresentas Odisseu - o herói humano da Odisseia, uma visita ao mundo de Homero, na forma de recontar passagens dos seus livros e reviver algo daquele magnífico patrimônio. Por quê? O processo de composição em versos, com rimas e tamanhos irregulares, levou muito tempo?
Gilberto Schwartzmann – Coleciono primeiras edições e obras raras desde a adolescência. Dediquei e dedico bastante tempo à leitura de obras clássicas, como a Ilíada, a Odisseia, a Divina Comédia, o Dom Quixote, As Mil e Uma Noites, o Decameron, Em busca do tempo perdido, A Metamorfose, Ulisses e outras. Sou mais dado a releituras de obras clássicas e de obras mais antigas do que a leitura de obras dos autores das últimas décadas, que conheço muito pouco.
Da literatura ocidental, imagino que a Odisseia seja talvez a maior aventura dos mares. Todas as demais tiveram nela a sua fonte de inspiração, como a Eneida, de Virgílio ou Os Lusíadas, de Camões. Há nela passagens que povoam o nosso imaginário até hoje. Em sua viagem de retorno a Ítaca, Odisseu é personagem de episódios que ilustram muito bem o embate do ser humano com os seus desejos, impulsos e que revelam as nossas fraquezas e, por vezes, as nossas virtudes.
Escrevi o meu livro em sextetos como uma modesta homenagem aos “hexâmetros dactílicos”, tão bem utilizados como estratégia de memorização tanto da Ilíada como da Odisseia. No mundo grego daquele período predominava a transmissão de versos pela linguagem oral. A escrita foi mais tardia. Foi parecido com os tercetos que utilizei em um livro anterior, em que brinquei com a “terza rima”, utilizada na Comédia, de Dante.
Nas duas obras acima referidas - a Odisseia e a Divina Comédia - minha ideia foi simplesmente despertar o interesse das pessoas, sobretudo os mais jovens, pela leitura dos clássicos.
Luís Augusto Fischer – No outro livro, O colecionador de mentiras, o universo é o da tua rica coleção de edições raras e especiais. O tom é borgeano, nos dribles em torno dos fatos e na sugestão de muita inventividade. O que te levou a essa outra viagem?
Gilberto Schwartzmann – Há pouco mais de um ano, fui convidado para fazer uma mostra de cerca de 400 obras raras e de primeiras edições do meu acervo na ABL. Fui então convidado por uma jornalista do RJ para falar sobre as circunstâncias da chegada de algumas obras do meu acervo. Dali, surgiu a ideia de organizar algumas destas histórias e reuni-las em um livro. Ao dar forma a esta ideia, imaginei que seria mais divertido e “literário” inventar as circunstâncias, “roubando” também parte do enredo de obras de autores que eu gosto e incluindo-as nas histórias, na esperança de que o leitor desperte a sua curiosidade e vá em busca dos textos originais. Posso dizer que tive um imenso prazer ao realizar esta tarefa.
Luís Augusto Fischer – Tu tens tido uma atuação exemplar como cidadão envolvido com as instituições culturais da cidade e do estado, como na Biblioteca Pública e agora na OSPA. De onde sai o tempo para isso? E o que tu tens a dizer a outras pessoas que, tendo acesso ao mundo da cultura e dispondo de condições sociais favoráveis, poderiam também se empenhar em melhorar a situação de instituições que sobrevivem muitas vezes com grande dificuldade? Faz bem realizar ações como as que tu tens desempenhado?
Gilberto Schwartzmann – Minha família sempre funcionou assim. Gente muito dedicada ao trabalho e às coisas bonitas da vida. E tentando ajudar os outros. Trabalho muito, mas tenho bastante tempo livre para fazer o que acho interessante e que me dê prazer.
A programação completa da 71ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre está disponível no site do evento.
 
 
 
 
 
 
