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Saraus, debates e lançamentos marcam primeiros dias da Feira do Livro

Em sua 71ª edição, evento abre hoje às 17h. Confira três entrevistas com autores que lançam obras neste final de semana

Saraus, debates e lançamentos marcam primeiros dias da Feira do Livro
Foto: Alex Rocha/PMPA

O maior evento literário ao ar livre da América Latina inicia oficialmente sua programação nesta sexta-feira, às 17h. Até 16 de novembro, a edição de 2025 da Feira do Livro de Porto Alegre estima receber 1,5 milhão de visitantes no Centro Histórico da capital, democratizando o acesso aos livros e a leitura com programação cultural gratuita.

A patrona desta edição é Martha Medeiros, a nona mulher a ser escolhida para a função nesses mais de 70 anos de evento.

Já nos primeiros dias, a Feira traz saraus, rodas de leitura e conversa, homenagem a autores, sessões de autógrafos e atividades voltadas ao público infantil e juvenil. 

Para entrar no clima da feira, Luís Augusto Fischer, professor de literatura e editor da Parêntese, conversou com alguns dos principais nomes que estarão presentes no evento. Ao longo dos próximos dias, a Matinal vai publicar os conteúdos. Hoje destacamos as entrevistas com Julia Dantas, Ricardo Silvestrin e Gilberto Schwartsmann. 

Dantas, finalista do Prêmio Minuano de Literatura com a obra A mulher de dois esqueletos, lança Pássaros de cidade no domingo (2), com demais autores da coleção Narrativas Porto-Alegrenses, parceria da revista Parêntese com a editora Coragem. O lançamento reúne Claudia Tajes, Tiago Maria, Paulo Damin, Nathalia Protazio, entre outros. No mesmo dia, Ricardo Silvestrin participa do Poesia na roda, sarau em homenagem a Mario Pirata; na quinta (12) o escritor e músico faz sessão de autógrafos do livro Casa de Origami, publicado pela Bestiário. 

Também neste domingo, Gilberto Schwartsmann, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, debate ficção, crítica e memória literária com Domício Proença Filho, às 16h30, no Clube do Comércio. Schwartsmann ainda volta à programação em 14 de novembro, quando realiza sessão de autógrafos da obra Odisseu – O herói humano da Odisseia

A programação completa da 71ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre está disponível no site do evento

A seguir, leia as entrevistas.


Julia Dantas

Foto: Davi Boaventura
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Lança Pássaros de cidade, obra parte da coleção Narrativas Porto-Alegrenses (Editora Coragem). Realiza bate-papo no domingo (2), às 14h, no Clube do Comércio, na Andradas, com demais autores das dez novelas originalmente publicadas como folhetins na Parêntese. Autografa sua obra às 16h, na Praça de Autógrafos Coletivos, em frente ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS).

Luís Augusto Fischer – Como foi a experiência de escrever a história de Pássaros de cidade, que envolve um menino (e sua família), um senhor e uns quantos pássaros, durante a pandemia?

Dantas – Pareceu natural trabalhar com um personagem criança naquele momento, porque tenho a sensação de que todo mundo estava num estado de infantilização: sem saber o que estava acontecendo, sem saber até quando ia durar, sem saber o que se podia ou não fazer, com medo e sem solução visível. Então nesse sentido foi "fácil" entrar no espírito de um menino de sete anos. Coloco aspas porque houve também desafios para construir a verossimilhança do Lúpino. Na época, eu estava isolada e sozinha em casa, então sem conviver com sobrinhos ou filhos de amigos. Contava apenas com a memória, e com o fato de que gosto muito de conversar com crianças, o que levou à criação da amizade entre Lúpino e Domingos. As amizades intergeracionais são raras, mas muito transformadoras, seja quando estamos no lado mais velho ou mais jovem. Eu tinha muita vontade de explorar isso na literatura.

Fischer – Numa postagem nas redes, tu falaste de uma sensação ambivalente ao escrever a história, porque havia a pressão do prazo e, de outro lado, havia a velocidade própria da criação literária, que não respeita muito o calendário comum. Passado esse tempo já, como tu vês essa experiência?

Dantas – Foi muito diferente do meu processo habitual porque costumo deixar meus textos de molho, descansado, para retomar tempos depois com um olhar fresco. Isso era impossível na escrita semana a semana, o que foi muito difícil, mas também libertador em alguma medida, porque aprendi que é possível. E claro, confirmei aquilo que todo mundo que cria sabe: o prazo é a melhor inspiração. Se eu fosse uma pessoa mais sábia, teria incorporado essa velocidade de produção na minha vida rotineira, mas assim como a humanidade não aprendeu nada com a pandemia, eu já voltei aos meus velhos hábitos de demora e procrastinação. Em todo caso, foi bonito voltar à história do Lúpino e do Domingos e ver que, naquele contexto instável em tantos sentidos, eles conseguiram se sustentar.

Acesse a entrevista na íntegra aqui. 


Ricardo Silvestrin

Foto: Carolina Silvestrin/Divulgação
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Estará em sarau em homenagem a Mário Pirata no domingo (2/11), às 18h, com Alexandre Brito, Celso Gutfreind e Dilan Camargo, no Mercado das Histórias Sulgás, em frente ao Memorial do RS. Na quarta (5/11) canta em pocket show às 19h, no Espaço Jovem Banrisul, na Praça da Alfândega. Autografa Casa de origami na outra quarta (12/11), às 19h, livro publicado pela editora Bestiário.

Fischer – De onde saiu essa nova forma, esse formato tão interessante, que acabou tomando conta de todo o livro? 

Silvestrin – Surgiu de um procedimento criativo que eu já havia feito na construção de uma série de poemas, no meu livro Typographo, de 2016. Ali escrevi poemas em cima da métrica de músicas do US3, grupo de jazz rap inglês. Buscava na ocasião a diversidade e mesmo a disparidade de metros dentro do mesmo poema, coisa que fica acentuada nas dicções de rap, com diferentes tamanhos de fala, do US3. No Casa de origami, busquei os metros presentes em algumas melodias de músicas de jazz e, por fim, me fixei numa chamada Fascinating Rhythm, dos irmãos George e Ira Gershwin. Em resumo, é como se cada poema do livro fosse uma letra alternativa à letra dessa canção. É possível cantar cada um em cima da melodia. Claro que o resultado desse procedimento criativo não foi fazer novas letras à canção, mas sim encontrar um conjunto de poemas: 70 poemas que se aproximam do soneto.

Acesse a entrevista na íntegra. 


Gilberto Schwartsmann

Foto: Luiza Piffero
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Discute com Domício Proença Filho a obra Oratório Dos Inconfidentes, no domingo (2/11), às 16h30, na Câmara Municipal de Porto Alegre. Na segunda (3/11), às 17h, media conversa com Domício na Biblioteca Pública do Estado, sobre o livro Capitu. Memórias Póstumas. Apresenta Odisseu - O herói humano da Odisseia, na sexta (14/11), às 18h, na Sala Vitrine de Lançamento – às 19h realiza sessão de autógrafos no centro da Praça da Alfândega. 

Fischer – Depois de outras aventuras eruditas, agora tu apresentas Odisseu - o herói humano da Odisseia, uma visita ao mundo de Homero, na forma de recontar passagens dos seus livros e reviver algo daquele magnífico patrimônio. Por quê? 

Schwartsmann – Coleciono primeiras edições e obras raras desde a adolescência. Dediquei e dedico bastante tempo à leitura de obras clássicas, como a Ilíada, a Odisseia, a Divina Comédia, o Dom Quixote, As Mil e Uma Noites, o Decameron, Em busca do tempo perdido, A Metamorfose, Ulisses e outras. Sou mais dado a releituras de obras clássicas e de obras mais antigas do que a leitura de obras dos autores das últimas décadas, que conheço muito pouco. Escrevi o meu livro em sextetos como uma modesta homenagem aos “hexâmetros dactílicos”, tão bem utilizados como estratégia de memorização tanto da Ilíada como da Odisseia. 

Acesse a entrevista na íntegra.

João Neto

João Neto

Repórter. Contato: joaoneto@matinal.org

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