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Vereadores de direita citam 8 de janeiro para justificar CPI que vai apurar confrontos na Câmara

Requerimento da vereadora Mariana Lescano reuniu assinaturas necessárias para abrir investigação

Vereadores de direita citam 8 de janeiro para justificar CPI que vai apurar confrontos na Câmara

Os vereadores do bloco de direita da Câmara Municipal asseguraram assinaturas suficientes para abrir uma CPI para investigar os confrontos ocorridos na sede do Legislativo na última quarta-feira. Proposta pela vereadora Mariana Lescano (PP), a chamada “CPI da Invasão” faz alusão aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília em sua justificativa.

O requerimento alcançou 13 apoios na manhã desta segunda-feira, a partir do apoio quase unânime do bloco partidário “À Direita”. Única integrante do grupo que não assinou foi a presidente da Casa, Comandante Nádia (PL), porém a 13ª assinatura veio do líder do governo, Idenir Cecchim (MDB), que integra o bloco “Centro Democrático”. Uma CPI precisa de 12 assinaturas para ser aberta na Câmara. Ao ser aprovada, ainda haverá a marcação para a instalação do colegiado. Os trabalhos deverão durar 120 dias. Logo, deverão se estender até o ano que vem.

Proponente, Lescano será a presidente da comissão. No domingo à noite, ela já festejava o acordo para a abertura da investigação, já mirando a esquerda da Casa. “O que aconteceu essa semana é inadmissível. A esquerda e seus militantes tentaram invadir a Câmara e agrediram os guardas”, afirmou. “Queremos responsabilizar cada um sobre o que aconteceu.”

Na justificativa para abertura da CPI, Lescano faz uma lista de crimes que serão investigados, que vão de dano qualificado ao patrimônio público a associação criminosa. Também indica querer investigar possível quebra de decoro parlamentar. Ainda na quarta, ela defendeu a atuação das forças de segurança e criticou os colegas de esquerda.

“Tais atos não parecem ter ocorrido de forma espontânea, mas partiram de um movimento articulado para causar baderna e violência, impedindo o andamento regular dos trabalhos no parlamento”, afirma, sem apontar provas. Ela também alusão direta aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e depredadas em Brasília: “Assim como os responsáveis pelos atos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023 em Brasília foram objeto de investigação e julgamento pelas instâncias competentes, os responsáveis pelas deploráveis cenas em nossa Casa Legislativa devem ser processados e julgados por suas atitudes”.

Confrontos deixaram parlamentares feridos

Objetos da CPI, os confrontos envolveram Guarda Municipal, manifestantes e vereadores. Houve troca de agressões e disparos de tiros de bala de borracha e gás lacrimogêneo, inclusive dentro do Palácio Aloísio Filho. O tumulto ocorreu na tarde de quarta, e a sessão foi interrompida sem que fossem votadas as pautas previstas, como o Código Municipal de Limpeza Urbana – que afeta diretamente os catadores de lixo na capital – e a concessão do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Ambas propostas são da prefeitura e não voltaram ao plenário nesta segunda.

Ao menos quatro vereadores e um deputado estadual se feriram durante a tarde da última quarta. O caso mais grave foi o da vereadora Atena Roveda (PSOL), que precisou ser encaminhada ao Hospital de Pronto Socorro para atendimento. Conforme a Secretaria Municipal de Segurança, dois guardas se feriram no episódio, sem gravidade.

Na quarta, o clima piorou quando a Guarda Municipal vetou a entrada de mais pessoas no prédio, com base no protocolo de segurança – que segundo vereadores de oposição foi acionado no início da tarde pela presidência da Câmara, sem discussão a respeito. Enquanto parlamentares de esquerda tentaram articular a entrada de mais pessoas no prédio, o bloco à direita afirmou que houve tentativa de invasão.

Em razão dos confrontos, o prefeito Sebastião Melo (MDB) disse que iria determinar a abertura de uma Investigação Preliminar Sumária sobre o caso. O procedimento ficará a cargo da Secretaria Municipal da Segurança. Consultada nesta segunda, a pasta informou que não havia atualizações a respeito.


E-mail: tiago@matinal.org

Tiago Medina

Jornalista cofundador da Matinal, repórter e editor. Especialista em Jornalismo Digital e mestrando em Planejamento Urbano e Regional. Ciclista, vencedor na categoria imprensa do prêmio CAU/RS 2024. Contato: tiago@matinal.org

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