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Cai a noite sobre Palomas

Fragmentos de uma memória quase perdida

Cai a noite sobre Palomas

Com a espessura de um luto,
Enquanto o sol morre de velho,
A noite espalha o seu veludo
Por campos sem evangelho.


Como pode o céu tão escuro
vir depois do vermelho em brasa?
Quem vai fazer a chuva parar
Na tarde que que ainda vaza?

O cinza não era das horas
Nem das minas que morriam
Era das nuvens que corriam
No fio da navalha dos dias.

Ampliava-se o campo da luta,
Havia perigo em cada sina,
A idade de ouro dissolvia-se,
Como as rosas da memória.

Viver era ser como colibri,
Equilibrar-se na queda,
Uma queda parada no ar,
Avanço na mata do tempo.

Quando a noite caía,
Em traços de têmpera,
A dança dos anos,
Extinguia o mormaço.

 Então contavam-se histórias.

Juremir Machado da Silva

Juremir Machado da Silva

Jornalista, escritor e professor de Comunicação Social na PUCRS, publica semanalmente a Newsletter do Juremir, exclusiva para assinantes dos planos Completo e Comunidade. Contato: juremir@matinal.org

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