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“Uma menina se enxerga na outra”, diz Flávia Twardowski na Sabatina Parêntese

Doutora em Engenharia de Produção recebeu prêmio por promover equidade de gênero e empoderamento feminino

“Uma menina se enxerga na outra”, diz Flávia Twardowski na Sabatina Parêntese
Foto: João Neto / Matinal

Flávia Twardowski foi a convidada da última Sabatina Parêntese – Conversas sobre o futuro de 2025, evento mensal realizado pela Matinal na livraria Paralelo 30. Mediado pelo professor Luís Augusto Fischer no sábado (6/12), o encontro com a doutora em Engenharia de Produção pela UFRGS e Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do IFRS abordou a importância do incentivo à pesquisa na Educação Básica e no Ensino Médio, tomando como referência a trajetória de Twardowski, com seus casos de sucesso enquanto orientadora.

A convidada guia projetos de pesquisa desde 2010, e seus alunos já receberam mais de 200 prêmios nacionais. Em 2023, a professora – que também já foi diretora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RS – recebeu o Mulheres Brasileiras que Fazem a Diferença, prêmio que reconhece o trabalho de profissionais que promovem equidade de gênero e o empoderamento feminino. Ainda que seu percurso profissional seja de excelência, ela conta que não foi sem percalços.

O impacto do trabalho da pesquisadora na vida de jovens poderia sequer ter existido  caso tivesse levado a sério o que ouviu durante a seleção para uma vaga como docente substituta na Escola de Engenharia da UFRGS. “Naquele período, eu nem sabia o que era o machismo. Mas ao ser interrogada, um professor perguntou o que eu estava fazendo ali, já que estava grávida, e me disse para ir para casa ter o filho. Ele queria que eu saísse, abandonasse a prova”, conta. 

Passar o bastão

A paixão de Twardowski pela pesquisa tem origem na infância. Aluna de escola pública em Porto Alegre, foi em um clube de ciências extracurricular que desenvolveu seus primeiros trabalhos, o mais marcante deles foi um estudo sobre as memórias de maior importância ao longo da vida. 

Anos mais tarde, a pesquisadora se tornou a força geradora da curiosidade científica entre seus alunos do Instituto Federal. “Entendi que aquele brilho no olho que eu tinha (no clube de ciências) foi porque eu dei a sugestão da pesquisa para a professora, no caso das memórias. Quando os estudantes fazem isso, eles sentem que pertencem ao projeto”. 

Após visitar algumas feiras de ciência com o trabalho das primeiras orientandas do IFRS, Twardowski percebeu que outras meninas passaram a procurá-la, interessadas em repetir o processo. “Só depois fui entender, que uma menina se enxerga na outra”. Essas aproximações resultaram, por exemplo, em um projeto desenvolvido em 2018, capaz de combater o golpe boa noite cinderela, usado para dopar vítimas com drogas. A estudante responsável, Isabela dos Reis, desenvolveu um protótipo de pulseira, que pode ser levado em festas, evitando possíveis abusos.

Sabatinas Parêntese: do clima à neurociência

Em 2025, a Sabatina Parêntese teve o apoio do Instituto Novos Paradigmas. Desde março, o projeto conversou com cientistas de áreas diversas, das pesquisas na Antártica sobre o clima do planeta aos mistérios da neurociência. Confira abaixo alguns dos diálogos.

Venisse Schossler, vinculada ao Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Schossler revelou que, apesar da distância, as mudanças ocorridas em razão da emergência climática na Antártica acabam afetando diretamente a vida em cidades como Porto Alegre. Ela também falou sobre sua trajetória acadêmica, e as dificuldades de fazer ciência em um território ainda de certa forma intocado por disputas políticas mais agressivas.

Eduardo Zimmer, professor da UFRGS e um dos principais pesquisadores brasileiros em neurociência

Zimmer explicou como sua trajetória pessoal – de jogador de futsal nas Missões a pesquisador em Porto Alegre e professor visitante da McGill University, no Canadá – o levou a se tornar um dos nomes de destaque da área no país. Ele e sua equipe desenvolveram pesquisas que ajudaram a validar biomarcadores e exames de sangue capazes de indicar o risco de Alzheimer antes do aparecimento dos sintomas clínicos.

Tarso Genro, advogado e ex-governador do Rio Grande do Sul

Tarso deu visibilidade aos contextos sociopolíticos que se entrelaçam com sua própria trajetória, considerando passagens em posições estratégicas em nível partidário, e nos governos municipal, estadual e federal. O advogado lembrou que é preciso paciência histórica para enfrentar o presente, no Brasil e no mundo. 


Todas as conversas da Sabatina estão disponíveis em uma playlist, no canal da Matinal no YouTube.  

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