O calorão de 34ºC neste domingo não desmotivou porto-alegrenses contrários ao PL da Dosimetria, aprovado pela Câmara dos Deputados nesta semana. Milhares de pessoas foram às ruas na capital gaúcha em protesto à medida que tem potencial de aliviar as penas impostas aos condenados pela tentativa de golpe em 8 de janeiro no Brasil, dentre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Devido às altas temperaturas durante o início da tarde, a população se reuniu nas sombras da vegetação próxima ao Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha, embalados pelo som do Coletivo Umbuntu. Dali, caminharam pela avenida Venâncio Aires em direção à Lima e Silva que, com aproximadamente 1 quilômetro de extensão, ficou repleta de bandeiras de partidos de esquerda, além de cartazes contra o Congresso Nacional, os condenados pela trama golpista e Hugo Motta (Republicanos-PB), atual presidente da Câmara. O ato terminou no Largo dos Açorianos.
Consultada, a Brigada Militar não forneceu estimativa oficial do público presente. Sob o lema “Sem anistia para golpistas”, atos semelhantes convocados pelas frente Brasil Popular e Povo Sem Medo estavam programados este final de semana em 25 estados e no Distrito Federal. Até pouco antes das 18h, coletivos se mobilizaram em ao menos 21 capitais, de acordo com levantamento da Folha de S.Paulo.
“Indignação do povo com o retrocesso”
Presente na passeata em Porto Alegre, Rudi Caldeira e Georgia Swinton contam que a defesa da democracia foi o principal motivo que os levou ao ato. “Não podemos aceitar, de maneira alguma, a tentativa de golpe da extrema direita, e que agora tenta passar uma normativa absurda no Congresso. O movimento que estou vendo hoje representa justamente a indignação do povo com o retrocesso que tentam nos empurrar”, diz Caldeira.
A opinião é compartilhada por Mari Angela Vitoria, que em meio a palavras de ordem de “Sem anistia e sem perdão, o Bolsonaro permanece na prisão”, se diz contra os parlamentares que propõem formas de anistia aos condenados pela tentativa de golpe. “Fazem o que fazem, e depois tentam se libertar. Para outros criminosos, querem regras cada vez mais rígidas, enquanto eles procuram cada vez mais mordomias”.
Respaldado pela direita e contando com apoio majoritário da bancada gaúcha, o Projeto de Lei 2162/2023 foi aprovado por 291 votos favoráveis e 148 contrários já na madrugada da última quarta-feira. O texto, agora, será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a partir da próxima quarta-feira (17/12). Depois será levado ao plenário do Senado para votação. Caso passe por essa etapa, dependerá da sanção ou veto do presidente Lula, cuja decisão, em caso de veto, ainda precisará ser validada pelo Congresso Nacional, que terá a possibilidade de, neste caso, promulgar a lei.
Confira abaixo outras fotos da manifestação em Porto Alegre.