Confira todos os textos da edição #300
- Clássicos de agora e de sempre, por Luís Augusto Fischer
- O que pensam os escritores gaúchos mais lidos do século 21, por Luís Augusto Fischer
- Sobre a elitização da leitura numa livraria de shopping e a invisibilidade das livrarias de rua, por Marlon Pires Ramos
- O fim da literatura é o fim do mundo, por Paulo Damin
- É verdade esse bilete?, por Gonçalo Ferraz
- Narrativas porto-alegrenses: Dez histórias na cidade, por Luís Augusto Fischer
- Face a face com a barbárie, por Juremir Machado da Silva
- A coisa certa a fazer – Capítulo 10: Enfim, o estrangeiro, por Stela Rates
Os livros refletem a minha fé mais profunda.
Ta-nehisi Coates
1
Desde que comecei a trabalhar na nova livraria no shopping Iguatemi, uma coisa (ou várias coisas) me chamou a atenção. A elitização palatável do lugar deixa no ar, como se fosse um veneno, uma arrogância vigente em todas as pessoas que ali circulam. Que o lugar é cheio de gente rica, todo mundo sabe. Que o lugar é cheio de gente que “se acha rica”, todo mundo também sabe. Agora, pensar isso dentro da livraria causa um choque. Uma doideira, diria um amigo. E olha que eu já tenho alguns anos de experiência como livreiro.
2
Gosto de conversar sobre livros. Sempre. Gosto da resenha, da conversa fiada sobre livros. Toda vez que eu sinto a possibilidade de perguntar, eu pergunto: qual o último livro que você leu? Curtiu? Dou a sorte de, na maioria das vezes, ouvir respostas sinceras, positivas ou negativas, contudo honestas. Entretanto, nessa livraria tem sido diferente. Respostas prontas, vazias, sem conteúdo emocional têm aparecido com mais frequência do que eu gostaria.